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Esta análise semanal traz os principais movimentos do agronegócio brasileiro, com foco especial nas regiões de Rio Grande do Sul e Paraná. Você encontrará análise completa, infográfico visual com KPIs e resumo em podcast.
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📰 Análise Completa
Manchete da Semana: A Pior Crise de Crédito Rural Desde o Plano Real Trava o Início da Safra no RS
A manchete desta semana é o aprofundamento da crise de crédito no campo, classificada pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) como a "maior crise de crédito rural desde o Plano Real". O levantamento da Farsul, divulgado no final de outubro, revela uma retração drástica nos recursos para a safra 2025/26: em nível nacional, o custeio caiu 23% e os investimentos despencaram 44% no primeiro trimestre do ciclo (julho a setembro).
O Rio Grande do Sul reflete essa realidade de forma ainda mais aguda, com quedas de 25% no custeio e 39% nos investimentos. Este cenário é agravado por uma inadimplência recorde, que atingiu 5,14% em julho (a maior da série histórica) e 9,35% no crédito livre.
O impacto dessa "tempestade perfeita" de juros altos, inadimplência e restrição de capital é visto diretamente no campo. Em Brasília, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pressiona o governo pela liberação de R$ 12 bilhões em crédito emergencial (MP 1.314) que continua inacessível devido a entraves burocráticos.
Análise dos Especialistas: O Paradoxo de 2025
As análises de Kellen Severo focam no grande paradoxo que definirá o próximo ano: a projeção de um 2025 recorde contra a realidade de um 2024/2025 operacionalmente arriscado.
O lado otimista: A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima um crescimento de até 5% no PIB do Agronegócio em 2025, impulsionado por uma expectativa de safra recorde.
Os riscos imediatos:
- A Realidade do Crédito: As projeções de crescimento esbarram na preocupação do setor com a alta do dólar, os juros elevados (Selic) e a dificuldade de acesso ao crédito rural.
- Risco Geopolítico e Custo: A escalada de conflitos no Oriente Médio pode levar o barril do petróleo a mais de 100 dólares, impactando diretamente o preço do diesel, o frete e os custos dos insumos.
- Relações Internacionais Complexas: A China avança em seu plano de autossuficiência alimentar, enquanto a nova Lei Antidesmatamento da União Europeia apresenta-se como barreira regulatória e oportunidade.
Termômetro dos Fertilizantes: Custo Elevado para 2025/26
A análise de Jeferson Souza (Agrinvest) confirma que a safra 2025/26 será "inevitavelmente mais cara". A maior preocupação é com o milho safrinha, que ainda tem cerca de 70% dos fertilizantes por comprar.
O cenário de custos é alarmante: o Potássio (KCl) está sendo negociado entre US$ 90 e US$ 100 por tonelada acima dos níveis de outubro do ano passado, e os Fosfatados (MAP) seguem firmes.
| Nutriente (Produto) | Preço (USD/tonelada - CFR Brasil) | Tendência (Início de Novembro) |
|---|---|---|
| Nitrogênio (Uréia) | ~$425 | ALTA |
| Fósforo (MAP) | ~$715 | ESTÁVEL |
| Potássio (KCl) | ~$360-365 | ESTÁVEL |
Radar dos Defensivos: Crescimento Modesto e Explosão dos Bioinsumos
O mercado de defensivos químicos apresenta um cenário paradoxal. Embora a área tratada (PAT) tenha crescido (+12% na soja), o faturamento do setor caiu (-4,3% na soja, -7% no milho 2ª safra, -16% no milho verão).
Para 2025, a projeção do setor é de um crescimento modesto, entre 3% e 6%. Em contrapartida, o segmento de bioinsumos vive uma explosão, com projeções de crescimento de 13% a mais de 30%.
Foco no Sul: O Contraste Extremo entre o Atraso Gaúcho e o Avanço Paranaense
A situação da Região Sul é a que melhor ilustra a safra "desigual" do Brasil. Os dois estados vizinhos vivem realidades opostas neste início de novembro.
Paraná: Plantio Acelerado
O Paraná avança em ritmo acelerado. O último relatório do DERAL indicava que 68% da área de soja já estava semeada, com fontes de mercado apontando um número próximo de 79% na primeira semana de novembro. O plantio do milho verão está tecnicamente finalizado, com 98% da área coberta. As condições das lavouras são majoritariamente (96%) consideradas "boas".
Rio Grande do Sul: Atraso Crítico e Crise no Arroz
O cenário gaúcho é o mais preocupante do país. O plantio da soja está severamente atrasado: dados da Emater/RS-Ascar do final de outubro apontavam apenas 5% da área semeada. O boletim mais recente da Conab (01/nov) elevou esse número para 9%.
Os motivos para o ritmo lento são claros e interligados:
- Crise de Crédito: A principal causa. Produtores estão descapitalizados e com acesso restrito a financiamento.
- Estratégia do Produtor: Receio de períodos secos em novembro e dezembro, levando a um adiamento deliberado da semeadura.
- Clima e Prioridades: Irregularidade das chuvas em certas zonas e a priorização do plantio do milho (que já atingiu 80% da área).
Para agravar a pressão financeira, o setor de arroz enfrenta um colapso. Os preços da saca do produto em casca atingiram o menor nível em 14 anos, sendo negociados a R$ 59,17 – muito abaixo do custo de produção, estimado entre R$ 75 e R$ 90.
| Estado | Cultura | % Plantada (Início Nov) | Análise de Ritmo |
|---|---|---|---|
| Paraná | Soja | 68% - 79% | Acelerado, em fase final |
| Paraná | Milho | 98% | Concluído |
| Rio Grande do Sul | Soja | 5% - 9% | Atraso Crítico |
| Rio Grande do Sul | Milho | 80% | Avançado |
| Rio Grande do Sul | Arroz | 57% | Crise de Preços |